Pressão por todos os lados. No Beira-Rio, o Internacional bateu o Fortaleza por 2 a 1, pela 22ª rodada do Brasileirão, e ganhou um respiro importante antes da Data Fifa. O resultado derruba o jejum de quatro jogos sem vencer — dois pela liga e dois pela Libertadores, torneio no qual o Colorado foi eliminado pelo Flamengo nas quartas — e alivia a temperatura sobre o trabalho de Roger Machado.
Com os três pontos, o Inter salta momentaneamente para a 10ª posição, agora com 27 pontos, e tenta se recolocar na briga por uma vaga internacional. Do outro lado, o Fortaleza sai de Porto Alegre ainda atolado na parte de baixo: vice-lanterna, 15 pontos em 20 partidas, e 12 rodadas seguidas na zona de rebaixamento. O roteiro do jogo, aliás, refletiu exatamente a fase de cada um: os gaúchos mais agudos e objetivos; os cearenses, guerreiros, mas com dificuldade para transformar posse em chances reais.
O ambiente pré-jogo era duro para os dois. Em Porto Alegre, a conversa de bastidor falava em risco ao cargo de Roger em caso de tropeço. Em Fortaleza, Juan Pablo Vojvoda lidava com ausências pesadas: Lucas Sasha, machucado, e Marinho, suspenso pelo terceiro amarelo. A boa notícia no Leão foi o retorno de Britez e de Breno Lopes após suspensão na rodada anterior — este último reassumiu espaço ofensivo e foi opção de profundidade.
O Inter foi a campo com Rochet; Aguirre, Vitão, Juninho e Bernabei; Thiago Maia e Alan Rodríguez; Tábata, Alan Patrick e Wesley; Ricardo Mathias. O Fortaleza iniciou com Helton Leite; Mancuso, Ávila, Gustavo Mancha e Bruno Pacheco; Matheus Pereira, Lucas Prior e Pablo; Breno Lopes; com Lucero como referência na frente.
O apito inicial veio com o Inter ligado. Aos 3 minutos, Bernabei avançou em velocidade pela esquerda e cruzou no segundo pau; Vitinho subiu bem e testou no canto, mas Helton Leite fez defesa de ponta dos dedos. Dois minutos depois, nova blitz pelo lado canhoto: cruzamento fechado, Ricardo Mathias brigou por cima, a bola sobrou para Carbonero, que cabeceou prensado por Rossetto.
O momento mais plástico do primeiro tempo veio aos 10. Escanteio cobrado por Alan Patrick da esquerda, curva perfeita, e Juninho apareceu livre quase na pequena área para cabecear firme. Helton Leite voou e, no puro reflexo, fez uma defesa daquelas que muda jogo — o tipo de intervenção que mantém um time vivo quando a maré está contra.
O desenho tático do Inter foi claro: Bernabei alto para abrir o campo, Tábata e Wesley alternando por dentro para dar corredor aos laterais, e Alan Patrick como maestro entre linhas. Thiago Maia e Alan Rodríguez formaram um escudo estável à frente da zaga, o que permitiu recuperar a bola rápido e acionar Ricardo Mathias nas costas dos zagueiros. O Fortaleza respondeu com bloco médio, linha de quatro bem compacta e saída vertical com Matheus Pereira buscando Lucero para o pivô. Quando Bruno Pacheco conseguia empurrar o corredor, o Leão ganhava metros e faltava apenas o último passe.
Sem Lucas Sasha, o meio cearense perdeu um pouco de força no combate e na cobertura. Vojvoda tentou compensar aproximando Pablo de Matheus Pereira para ter mais passe curto, mas o Inter protegia bem a zona central e forçava o adversário a cruzar sob pressão. Mesmo assim, quando a bola caía nos pés de Matheus, era dele que saíam as melhores ideias, com inversões rápidas para Breno Lopes atacar o espaço.
Depois do intervalo, o roteiro ficou mais aberto. Atrás no placar, o Fortaleza passou a ter a bola por mais tempo, ocupou o campo ofensivo e rondou a área colorada, sem transformar volume em finalizações limpas. Rochet trabalhou com segurança nas saídas aéreas e em chutes de média distância. A cada recuperação, o Inter ameaçava em transições diretas, com Wesley e, já em campo, Gustavo Prado esticando a defesa visitante.
Aos 37 do segundo tempo, Gustavo Prado protagonizou lance que arrancou o estádio da cadeira: ganhou na corrida pela esquerda, invadiu, ficou cara a cara com Helton Leite e tentou bater de ângulo curto. A bola saiu rente à trave, em tiro de meta. Era a senha de que o Inter estava vivo no contra-ataque e de que a partida seguiria perigosa até o fim.
Nos minutos finais, o Fortaleza controlou a posse e empurrou o Inter para trás. Faltou, porém, a clareza dentro da área. Lucero brigou muito, fez o pivô, abriu espaço para quem vinha de trás, mas a defesa colorada, com Vitão e Juninho atentos, cortou quase tudo pelo alto. Quando a bola sobrou na entrada da área, Matheus Pereira tentou a batida colocada, e Rochet encaixou sem dar rebote.
Se o Inter precisava de sinais de retomada, encontrou alguns: postura agressiva desde o início, bola parada perigosa e consistência no miolo defensivo. Roger Machado mexeu no tempo certo para repor fôlego nas pontas e não desmontar o meio. Do lado cearense, ficou a sensação de que a equipe competiu bem, mas sentiu a ausência de um meio-campista para acelerar e rifou menos a bola sob pressão. Helton Leite, com defesas de catálogo — especialmente na cabeçada de Juninho —, evitou que o placar fosse maior.
O calendário oferece agora uma pausa. Para o Inter, é chance de recuperar jogadores e baixar a poeira depois de semanas turbulentas. Para o Fortaleza, o intervalo vira espaço para ajustar a criação e calibrar o último passe. O campeonato entra no terço final, e cada ponto começa a pesar mais que o anterior.
Destaques da noite no Beira-Rio
Escalações
Internacional: Rochet; Aguirre, Vitão, Juninho e Bernabei; Thiago Maia e Alan Rodríguez; Tábata, Alan Patrick e Wesley; Ricardo Mathias. Entraram: Gustavo Prado e outras peças para acelerar a transição nos minutos finais.
Fortaleza: Helton Leite; Mancuso, Ávila, Gustavo Mancha e Bruno Pacheco; Matheus Pereira, Lucas Prior e Pablo; Breno Lopes; Lucero. Britez voltou a ficar à disposição após suspensão e reforçou o banco.
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