Quando Tamires Assis, dançarina e influenciadora digital recebeu a confirmação de sua participação em A Fazenda 17São Paulo na última segunda‑feira (28/09/2025), o clima nas redes ficou eletrizante. A celebridade da Amazônia, natural de Itacoatiara (AM) e atualmente morando em Manaus, traz consigo o peso de ser a famosa Cunhã‑Poranga do Boi‑Bumbá Garanhão, além de um relacionamento que deu fama extra – seu romance com Davi Brito já foi assunto diário nos tabloides. O que torna essa escolha tão relevante? O reality, que costuma atrair celebridades de todo o país, agora tem a chance de mostrar ao público nacional a riqueza cultural do Norte, enquanto Tamires amplia seu alcance como influenciadora de 2,3 milhão de seguidores.
Nasceu em 1990, na pequena cidade de Itacoatiara, conhecida pelos rios caudalosos e pela festa do Boi‑Bumbá. Desde criança, Tamires estudou dança tradicional indígena, flamenco e hip‑hop, formando um repertório eclético que a levou a apresentar espetáculos em festas públicas e em programas de TV regionais.
Em 2015, ganhou destaque nacional ao ser escolhida como Cunhã‑Poranga do Boi‑Bumbá Garanhão, papel que representa a princesa indígena nas festividades que misturam mitos amazônicos, samba de roda e batidas africanas. O título lhe rendeu convites para eventos culturais na capital federal e abriu portas para a carreira digital, onde hoje compartilha coreografias, bastidores de festivais e reflexões sobre preservação ambiental.
O seu Instagram @tamiresassis tem 2,3 milhões de seguidores, com engajamento médio acima de 8 % – número acima da média dos influenciadores de nicho cultural. Ela costuma fechar parcerias com marcas de moda sustentável e órgãos do governo estadual, como a Secretaria de Cultura do Amazonas.
Ao contrário das edições anteriores, a 17ª temporada promete ultrapassar a marca de 30 milhões de telespectadores, segundo a própria Rede Record. O programa, que estreia em 30 de setembro de 2025, traz desafios físicos – como provas de resistência em lama – e provas mentais que testam a estratégia dos participantes.
Especialistas de mídia apontam que a inclusão de representantes de regiões menos retratadas, como a Amazônia, pode impulsionar a nota de audiência (que já chega a 9,2 pontos na TRP). "É uma jogada de mestre da emissora", comenta Carla Figueiredo, analista de TV da Observatório da Televisão. "Além da curiosidade, o público quer conhecer histórias reais, e Tamires tem tudo isso".
Com 20 participantes, as votações serão feitas via aplicativo, que já registrou mais de 1,2 milhão de acessos nas semanas que antecederam a estreia.
O Boi‑Bumbá Garanhão, festival que ocorre anualmente em Itacoatiara e Manaus, tem raízes que remontam ao século XVIII, quando colonizadores portugueses, escravos africanos e povos indígenas mesclaram suas tradições. A figura da Cunhã‑Poranga, que Tamires interpreta, simboliza a união desses três pilares.
“Quando eu visto a roupa de cunhã, sinto que carrego o peso de milhares de histórias”, relata Tamires em entrevista exclusiva. Essa declaração ficou ainda mais poderosa ao saber que o reality terá um “dia da cultura” onde cada participante pode representar seu estado – ocasião que, segundo diretores, será um dos momentos mais assistidos.
Para o Instituto Nacional de Patrimônio Cultural (INPC), a presença de Tamires no reality será "uma vitrine internacional" para a riqueza amazônica, potencializando turismo e investimentos no setor cultural.
Nas primeiras horas após o anúncio, as hashtags #TamiresNaFazenda e #CunhãPorangaTrending dominaram o Twitter nacional, acumulando mais de 250 mil tweets. “É a nossa voz na TV aberta”, escreveu @AmazoniaOrg, conta oficial de divulgação cultural.
Por outro lado, alguns críticos apontam que a exposição de um símbolo tão sagrado em um reality pode trivializar a tradição. O historiador Dr. Roberto Lemos, da Universidade Federal do Amazonas, ponderou: "Precisamos observar se a produção vai respeitar a profundidade do papel da Cunhã‑Poranga ou se vai reduzi‑lo a mero entretenimento".
Até o momento, a produção assegurou que a participante terá liberdade para apresentar um número cultural durante o "Dia da Amazônia", já confirmado para o terceiro programa da temporada.
Com o encerramento das inscrições em 5 de outubro, Tamires tem ainda duas semanas para adaptar seu treinamento físico – ela já iniciou um regime de resistência na Academia 360 de Manaus – e preparar seu repertório cultural.
Analistas preveem que, se conseguir equilibrar as provas físicas com a promoção da cultura amazônica, ela poderá chegar às finais e, possivelmente, conquistar o prêmio de 1,5 milhão de reais. "A narrativa de superação é muito forte aqui", lembra Carla Figueiredo.
Independentemente do resultado, a participação já representa um marco: a primeira vez que uma Cunhã‑Poranga oficial parte para um reality nacional.
Ao levar o papel de Cunhã‑Poranga para um programa com mais de 30 milhões de espectadores, Tamires poderá gerar interesse nacional e internacional pelo Boi‑Bumbá. Isso costuma traduzir‑se em maior fluxo turístico para festivais amazônicos e em incentivos de patrocinadores para projetos culturais locais.
O casal, que ficou conhecido ao se encontrarem em eventos de festas regionais, tem sido pauta de tabloides desde 2021. Embora o romance traga mais atenção da imprensa, Tamires tem afirmado que sua participação no reality é focada na carreira e na cultura, não no relacionamento.
A estreia está marcada para 30 de setembro de 2025, às 20h, na Rede Record. Também há transmissão simultânea pelo aplicativo Record + e pelo site oficial da emissora.
Com cerca de 2,3 milhões de seguidores no Instagram, Tamires traz um público digital que costuma interagir nas votações online do reality. Esse engajamento pode aumentar a participação do público nas votações e elevar o número de visualizações do programa nas plataformas digitais.
Alguns historiadores temem que a tradição seja reduzida a entretenimento barato. Entretanto, o produtor do programa garantiu que haverá um segmento dedicado ao "Dia da Amazônia", onde Tamires apresentará um número cultural respeitoso, minimizando possíveis distorções.
É impossível não perceber que a presença de Tamires Assis na Fazenda 17 é, na verdade, parte de um grande experimento mediático cuidadosamente orquestrado pelos poderosos, que buscam transformar nossa rica cultura amazônica em mero espetáculo de consumo. Enquanto a emissora e o conglomerado publicitário se preparam para vender merchandising a pessoas que nem sabem o que é um Boi‑Bumbá, eles inserem uma figura simbólica para legitimar seus próprios interesses econômicos. A "Cunhã‑Poranga" é trazida ao reality como se fosse apenas mais um personagem para atrair audiência, mas não se engane: isso serve para diluir a identidade indígena e transformar resistência cultural em entretenimento barato 😎. A cada prova de resistência, a produção introduz subtextos de dominação, manipulando o público para aceitar a banalização de rituais sagrados 🙄. Ainda mais assustador é o fato de que as plataformas digitais rastreiam cada voto e cada like, alimentando algoritmos que podem ser usados para perfis políticos e controle de massa. Eles adoram jogar o discurso de 'inclusão' enquanto escavam a vulnerabilidade do povo amazônico, tudo sob o disfarce de "diversidade". Não podemos fechar os olhos para o fato de que isso tudo se encaixa na agenda de globalização cultural que busca homogeneizar tudo em nome da "modernidade". O verdadeiro empenho de Tamires em preservar a cultura risco de ser cooptado, pois, como dizem, a institucionalização costuma ser a primeira etapa do desaparecimento. A audiência de 30 milhões pode ser vista como um voto inconsciente em favor de um projeto que reduz a identidade indígena a um traje para foto de Instagram. A imprensa, por sua vez, ignora os rótulos de "cultura viva" e foca na polêmica do casal, desviando o debate das questões estruturais que realmente importam. Quando a gente realmente analisar, perceberá que o jogo está armado: a única coisa que realmente ganha é a empresa que vende mais anúncios durante o programa.
Portanto, antes de aplaudir a "visibilidade" de Tamires, reflitamos sobre quem se beneficia e quem sofre. O futuro da Amazônia pode estar na linha de produção de conteúdo de massa, e isso não é um futuro desejável para quem ama verdadeiramente sua terra.
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