Brasília se oferece para sediar final da Libertadores 2025 após crise no Peru

Brasília se oferece para sediar final da Libertadores 2025 após crise no Peru

Brasília se oferece para sediar final da Libertadores 2025 após crise no Peru
30/10

Enquanto a capital peruana se afunda em caos político e social, Brasília se coloca como a alternativa mais viável para receber a final da Copa Libertadores de 2025. Em um movimento inesperado, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, anunciou oficialmente, em 23 de outubro de 2025, que a cidade está pronta para abrigar o jogo decisivo da competição sul-americana — caso o Estádio Monumental, em Lima, se torne inviável. A proposta foi enviada por ofício à Conmebol e à CBF, com o Estádio Mané Garrincha como cenário escolhido: 72.851 lugares, infraestrutura de ponta e experiência com grandes eventos. O gesto não é só esportivo. É político. É prático. E talvez, no fim das contas, inevitável.

Uma crise que abala o futebol sul-americano

A instabilidade no Peru começou em 10 de outubro de 2025, quando a presidente Dina Boluarte foi destituída em um impeachment relâmpago. O que parecia ser uma transição ordenada virou um terremoto social. Protestos explodiram nas ruas de Lima, liderados por jovens da chamada "Geração Z" — estudantes, artistas, ativistas digitais — que não só exigem novas eleições, mas também a saída do presidente interino, José Jerí. A situação piorou. Em 21 de outubro, Jerí decretou estado de emergência por 30 dias: toque de recolher, presença militar nas ruas, suspensão de direitos civis. O Estádio Monumental, a casa da final da Libertadores, fica no coração da zona de conflito. E agora, com 50 mil torcedores estrangeiros esperados, a logística se tornou um pesadelo.

Brasília: a cidade que já recebeu o mundo

Ibaneis Rocha não está propondo apenas um estádio. Ele está vendendo uma experiência. Em seu post no X (antigo Twitter), ele destacou: "Nossa cidade conta com ampla rede hoteleira, infraestrutura urbana e serviços de qualidade". E não é exagero. Brasília tem mais de 350 hotéis registrados oficialmente, um sistema de metrô funcional, aeroportos com conexões diretas para a América do Sul e a experiência de sediar jogos da Copa do Mundo de 2014 e as competições preliminares dos Jogos Olímpicos de 2016. Enquanto Lima luta para manter a ordem, Brasília tem planos de contingência prontos — desde transporte de torcedores até segurança privada contratada com antecedência. "A gente não espera que o problema chegue. A gente resolve antes", disse um funcionário da Secretaria de Esportes do DF, sob anonimato.

Conmebol no limbo: sem plano B, mas com olhos abertos

A Conmebol, sediada em Luque, Paraguai, sob o comando do presidente Alejandro Domínguez, ainda não se pronunciou publicamente sobre a oferta de Brasília. Mas fontes da Agence France-Presse (AFP) confirmaram que a entidade "não tem plano B" — e isso é o que mais assusta. Desde 10 de outubro, um comitê de emergência da Conmebol monitora a situação diariamente. Eles têm relatórios de segurança, análises de mobilidade, até estimativas de risco para equipes e árbitros. Mas a burocracia pesa. Mudar a sede de uma final da Libertadores exige aprovação de conselho, análise jurídica, reprogramação de contratos de transmissão, readequação de passagens e acomodações. Tudo isso em menos de 37 dias. "É como trocar o motor de um avião enquanto ele voa", comentou um consultor da Conmebol, que pediu para não ser identificado.

Brasileiros na final — e o peso da tradição

Brasileiros na final — e o peso da tradição

Afinal, o que está em jogo? Dois clubes brasileiros ainda vivos: o Flamengo, que venceu o Racing por 1 a 0 em Buenos Aires em 22 de outubro, e a Palmeiras, que enfrentou a LDU do Equador em Quito no mesmo dia 23. Ambos têm torcida massiva, e o Brasil é o maior mercado da Conmebol. Uma final em Brasília significaria mais TV, mais patrocínios, mais receita. E, talvez, um sinal de estabilidade para o futebol sul-americano. "Se a final for em Lima, vai ser um espetáculo de caos. Se for em Brasília, vai ser um espetáculo de futebol", disse o jornalista Marcio Dolzan, da LANCE!.

Qual o próximo passo?

A Conmebol tem até 15 de novembro para decidir. Mas o relógio já começou. Se a situação em Lima não melhorar nos próximos 10 dias, a pressão para mudar a sede será insuportável. E Brasília não está sozinha. Bogotá, Santiago e Montevidéu também têm sido sondadas — mas nenhuma oferece a combinação de capacidade, infraestrutura e segurança que a capital federal promete. O governador Ibaneis Rocha já disse que está disposto a receber a final mesmo sem o apoio financeiro da Conmebol. "Se for preciso, pagamos nós", afirmou em entrevista à TV Globo.

Por que isso importa?

Por que isso importa?

Porque o futebol é mais que jogo. É identidade. É diplomacia. E quando um país entra em colapso, o esporte não pode ser a vítima. A proposta de Brasília não é apenas generosa — é estratégica. Mostra que o Brasil, mesmo em meio a suas próprias crises, ainda pode ser um farol de estabilidade na região. E talvez, só talvez, isso seja o que o futebol sul-americano mais precisa agora.

Frequently Asked Questions

Por que Brasília foi escolhida como alternativa?

Brasília tem infraestrutura comprovada para grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. O Estádio Mané Garrincha tem capacidade para mais de 72 mil pessoas, além de mais de 350 hotéis registrados, transporte público eficiente e segurança logística já testada. Enquanto Lima enfrenta toque de recolher e mobilização militar, a capital federal pode garantir segurança e mobilidade para torcedores internacionais.

A Conmebol já aceitou a proposta de Brasília?

Não, ainda não. A Conmebol não fez nenhum anúncio oficial. Segundo fontes da AFP, a entidade "não tem plano B" e mantém contatos contínuos com autoridades peruanas. A decisão depende da evolução da crise no Peru e de uma avaliação técnica que deve ser concluída até 15 de novembro, antes da final marcada para 29 de novembro.

Quais são os riscos de transferir a final para o Brasil?

O principal risco é político: transferir a final para o Brasil pode ser visto como uma intervenção externa na soberania do Peru. Além disso, há custos logísticos e contratuais envolvidos — bilhetes, transmissão, hospedagem de equipes — que precisam ser reorganizados em menos de um mês. Mas, para muitos especialistas, o risco de manter a final em Lima, com a instabilidade atual, é ainda maior.

A crise no Peru afeta os jogos da Libertadores ainda em andamento?

Até agora, não. As semifinais estão ocorrendo normalmente: o Flamengo jogou na Argentina e a Palmeiras em Quito. Mas a Conmebol monitora de perto qualquer sinal de risco para equipes, árbitros ou torcedores que viajem para o Peru. Se os protestos se intensificarem, jogos futuros poderiam ser realocados — e não apenas a final.

Quem são os principais atores por trás dos protestos no Peru?

Os principais manifestantes são jovens da "Geração Z" — estudantes universitários, ativistas digitais e cidadãos descontentes com a corrupção, a crise econômica e a violência. Eles não reconhecem o governo interino de José Jerí e exigem eleições imediatas. O movimento é descentralizado, mas altamente organizado nas redes sociais, o que torna difícil prever sua evolução.

O que acontece se a final não for realizada em 29 de novembro?

A Conmebol tem cláusulas de força maior em seu regulamento, que permitem adiar o jogo — mas não cancelá-lo. A data mais provável seria o fim de semana seguinte, em 6 de dezembro. Mas isso causaria prejuízos bilionários em transmissão, patrocínio e turismo. Por isso, a entidade fará de tudo para garantir que a final aconteça, mesmo que em outro país.

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