INMET mantém aviso laranja para Minas Gerais com chuvas intensas e risco de alagamentos

INMET mantém aviso laranja para Minas Gerais com chuvas intensas e risco de alagamentos
4/11

O Instituto Nacional de Meteorologia mantém o aviso laranja para Minas Gerais na terça-feira, 4 de novembro de 2025, com chuvas torrenciais, ventos de até 100 km/h e risco iminente de alagamentos. O alerta, válido até o fim da manhã, cobre regiões já saturadas após dias de precipitação contínua — e a população está sendo orientada a evitar deslocamentos não essenciais. Em Belo Horizonte, a Defesa Civil já registrou mais de 50 mm de chuva em apenas algumas horas no Barreiro, o que representa mais de 20% da média mensal inteira. O solo não aguenta mais. E o pior pode estar por vir.

Chuva que não para: o solo já está exaurido

Na madrugada da terça-feira, o céu em Belo Horizonte e região metropolitana já estava pesado. Nuvens carregadas pairavam sobre o Centro-Oeste, Sul e Zona da Mata, onde chovia desde a meia-noite. A temperatura mínima chegou a 17,2°C, mas a sensação era de abafamento — a umidade relativa do ar subia rapidamente, criando o cenário perfeito para novos temporais. Às 3h30 da manhã de segunda-feira, 3 de novembro, o Barreiro já havia acumulado 50,4 mm de chuva. Isso é quase o dobro da média diária de outubro, quando o período chuvoso costuma começar. E isso só foi o começo.

As outras regiões da capital também sofreram: o Centro-Sul registrou 42,2 mm (17,9% da média de novembro), o Leste 40,4 mm, o Oeste 43,4 mm e o Noroeste 41,2 mm. Durante o fim de semana, especialmente no domingo de Finados, as áreas mais afetadas foram o Barreiro, o Leste e o Noroeste — onde 19 a 22 mm caíram em apenas duas horas. Em comparação, o Hipercentro teve apenas 4,2 mm. A diferença é gritante. E não é coincidência: os bairros de encosta, com menos infraestrutura de drenagem, são sempre os mais vulneráveis.

Deslizamentos, interdições e moradores desalojados

As consequências já são visíveis. Segundo o G1, pelo menos cinco deslizamentos de terra foram registrados na Grande BH no fim de semana, interrompendo o trânsito em vias importantes como a MG-050 e a Avenida do Contorno. Um trecho da Rua das Palmeiras, no bairro Serra, ficou completamente bloqueado por uma enxurrada que levou parte da calçada e danificou o muro de uma residência. Moradores do Conjunto Habitacional Nova Cachoeirinha, no Barreiro, relataram que a água invadiu os primeiros andares de três prédios. Um idoso de 78 anos precisou ser resgatado por equipes da Defesa Civil.

"Nunca vi nada assim em novembro. A chuva vem sem parar, e o escoamento não dá conta", contou Maria Silva, moradora há 22 anos no bairro. "A gente vive com medo de que um dia a encosta desabe de verdade. E agora, com tudo molhado, parece que só falta um empurrão."

Triângulo e Sul: novos focos de alerta

Fora da capital, o Triângulo Mineiro e o Alto Paranaíba também enfrentam o pior da tempestade. Em Uberaba, Uberlândia e Patos de Minas, o INMET previu acumulados de até 80 mm entre a manhã e a tarde da terça-feira. Ventos fortes derrubaram fios de energia em Uberlândia, deixando 12 mil residências sem luz por algumas horas. Em Patos de Minas, uma ponte de acesso à zona rural foi interditada após o transbordamento do córrego do Córrego do Laranjal.

"A situação é crítica. O solo está como pão de queijo — mole e prestes a desmoronar", disse o engenheiro civil Carlos Henrique, da Universidade Federal de Uberlândia. "A gente já viu isso em 2020 e 2013. O problema não é só a chuva. É a falta de planejamento urbano. E agora, com o aquecimento global, os eventos extremos estão mais frequentes e mais intensos. Isso não é normal. É o novo normal."

O que vem pela frente: quatro dias de tempestade

O que vem pela frente: quatro dias de tempestade

O INMET já antecipou que o pior ainda não acabou. Entre quarta e sábado (5 a 7 de novembro), o estado deve receber mais chuvas, especialmente no sul e no Triângulo Mineiro. Enquanto isso, São Paulo e Rio de Janeiro devem registrar acumulados entre 150 e 200 mm — quase o dobro do que caiu em toda a capital mineira em um mês. A umidade relativa do ar permanece acima de 70% na maioria das regiões de Minas, exceto no norte e no interior, onde cai para 30-40%. Mas isso não alivia ninguém: o que importa é o que cai do céu, e não o que fica no ar.

A Defesa Civil de Minas Gerais reforçou o alerta: "Não saia de casa sem necessidade. Evite áreas de encosta, rios e córregos. Se sua casa já encheu uma vez, pode encher de novo. E dessa vez, pode ser pior."

Por que novembro é o mês mais perigoso

Historicamente, novembro é o mês mais chuvoso de Belo Horizonte, com média de 236 mm — quase o dobro de outubro (110,1 mm). Isso acontece porque, nessa época, o sistema de alta pressão do Atlântico se afasta, permitindo que massas de ar úmido do norte avancem sobre o estado. Mas nos últimos 15 anos, os volumes têm crescido. Em 2020, foram 312 mm em novembro. Em 2023, 298 mm. E agora, em 2025, já temos 50 mm em menos de 72 horas. O padrão é claro: os eventos extremos estão se concentrando em menos dias. O clima não está apenas mudando. Ele está acelerando.

Frequently Asked Questions

Como saber se minha região está em risco de alagamento?

A Defesa Civil de Minas Gerais disponibiliza um mapa interativo no site oficial, que mostra áreas de risco em tempo real. Regiões como Barreiro, Serra, Pampulha e bairros de encosta em Belo Horizonte, além de Uberaba e Patos de Minas, estão na lista vermelha. Se sua casa fica próxima a córregos, vias de drenagem ou em terrenos inclinados, o risco é alto — mesmo que nunca tenha alagado antes.

Por que a chuva de novembro é tão mais intensa que a de outubro?

Novembro marca a transição entre a estação seca e a chuvosa, quando o ar quente e úmido do norte encontra a massa de ar mais fria do sul, gerando instabilidade. Em 2025, o fenômeno El Niño está reforçando esse efeito, aumentando a umidade e a energia nos sistemas de tempestade. O resultado: chuvas mais concentradas, mais fortes e mais destrutivas.

Quais cidades de Minas Gerais estão mais vulneráveis?

Além de Belo Horizonte, as cidades com maior risco são Uberlândia, Uberaba, Patos de Minas, Juiz de Fora, Governador Valadares e Diamantina. Todas têm topografia acidentada, infraestrutura deficiente e alta densidade populacional em áreas de risco. Em 2020, Juiz de Fora teve 12 mortes por deslizamentos — e nada foi feito para corrigir os pontos críticos desde então.

O que a Defesa Civil está fazendo para evitar novos desastres?

Equipes estão em alerta 24h em 12 municípios prioritários, com drones monitorando encostas e equipes de resgate prontas para atuar. Mas a realidade é que a maioria dos investimentos ainda é reativo — ou seja, só vem depois da tragédia. Não há plano estrutural de drenagem em larga escala. A população está sendo orientada a se preparar, mas o poder público ainda não se preparou.

Essa situação é normal ou é fruto das mudanças climáticas?

Cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) confirmam: eventos como esse estão 40% mais frequentes desde 2010. A temperatura média em Minas Gerais subiu 1,3°C nos últimos 30 anos — o suficiente para aumentar a evaporação e a intensidade das chuvas. Isso não é coincidência. É ciência. E se não houver investimento em infraestrutura e zoneamento urbano, os próximos anos serão ainda piores.

O que posso fazer agora para me proteger?

Mantenha roupas, documentos e remédios em sacos plásticos herméticos e em locais altos. Evite usar elevadores em prédios com risco de alagamento. Desconecte aparelhos eletrônicos. Se ouvir barulho de terra deslizando, saia imediatamente. E nunca tente atravessar ruas alagadas — um metro de água já basta para arrastar um carro. Sua vida vale mais que um trajeto rápido.

Comentários (16)

Francini Rodríguez Hernández
  • Francini Rodríguez Hernández
  • novembro 5, 2025 AT 22:14

poxa q isso ta ficando assustador... já vi casa sendo levada por enxurrada, e não é brincadeira. se tu não tá na área de risco, tu acha q é só notícia, mas quando o chão some debaixo dos pés... é pesado.

Manuel Silva
  • Manuel Silva
  • novembro 6, 2025 AT 17:27

essa chuva ta doida msm, aqui no bairro da Serra a gente ta com água até no quintal... e o esgoto tá transbordando. o prefeito fala q tá tudo sob controle, mas a gente tá vivendo num filme de terror.

Flávia Martins
  • Flávia Martins
  • novembro 8, 2025 AT 09:45

por que nunca ninguém faz nada antes de acontecer

Sayure D. Santos
  • Sayure D. Santos
  • novembro 9, 2025 AT 11:44

a gente precisa entender que isso não é só um problema de infraestrutura, é um problema de prioridade. enquanto investimentos em estádios e obras faraônicas continuam, comunidades inteiras ficam expostas. a ciência já avisou. o que falta é coragem política.

Gustavo Junior
  • Gustavo Junior
  • novembro 10, 2025 AT 06:35

Mais uma vez os pobres pagam pelo erro dos outros. Enquanto os ricos vivem em condomínios fechados com drenagem própria, nós aqui no Barreiro temos que rezar pra não virar lama. E ainda tem gente que acha que é "clima"...

Henrique Seganfredo
  • Henrique Seganfredo
  • novembro 12, 2025 AT 02:15

Se o governo não faz nada, por que vocês ainda votam neles? É só isso que vocês sabem fazer: reclamar e votar no mesmo lixo.

Marcus Souza
  • Marcus Souza
  • novembro 13, 2025 AT 23:19

eu cresci em Belo Horizonte e vi tudo isso acontecer em 2010, 2013, 2020... e agora 2025. o pior é que ninguém aprende. a gente precisa de educação ambiental nas escolas, não só de alertas na TV. a próxima geração tem que saber o que é viver com o clima, não contra ele.

Leandro Moreira
  • Leandro Moreira
  • novembro 15, 2025 AT 21:48

Isso é o que acontece quando você deixa morar em encosta. Se você não tem dinheiro pra morar em lugar seguro, não tem direito de reclamar. É lógica simples.

Geovana M.
  • Geovana M.
  • novembro 16, 2025 AT 22:10

eu moro em Contagem e já perdi um celular no alagamento. o pior é que o governo não tem nem app pra avisar onde tá inundado. só tem o INMET falando que tá perigoso. e daí? eu preciso ir trabalhar.

Carlos Gomes
  • Carlos Gomes
  • novembro 17, 2025 AT 12:13

O INMET é preciso, mas a Defesa Civil precisa de mais recursos e menos burocracia. Drones são ótimos, mas se não há equipe treinada pra atuar em tempo real, é só show de luzes. A ciência já apontou os pontos críticos. O que falta é execução. E isso não é só de Minas Gerais. É do Brasil inteiro.

MAYARA GERMANA
  • MAYARA GERMANA
  • novembro 17, 2025 AT 16:17

ah sim, mais uma tragédia que ninguém viu vir... porque o governo não fez nada, a população não se organizou, e a mídia só fala quando já tá tudo destruído. mas aí, claro, todo mundo se emociona com o vídeo do cachorro nadando. mas ninguém lembra que a criança que morreu no Barreiro também tinha um nome.

Flávia Leão
  • Flávia Leão
  • novembro 18, 2025 AT 02:59

a chuva não é o vilão. o vilão é a gente que acha que o planeta é um lixão com garantia de 10 anos. a natureza não perdoa. ela só espera. e agora, ela tá mostrando a conta. e a conta tá com juros.

Cristiane L
  • Cristiane L
  • novembro 18, 2025 AT 21:03

tem algum mapa atualizado com os pontos de risco real? o site da Defesa Civil tá lento e não atualiza. eu queria saber se minha avó tá em risco, mas não consigo acessar. será que tem outro lugar pra ver?

Andre Luiz Oliveira Silva
  • Andre Luiz Oliveira Silva
  • novembro 18, 2025 AT 22:24

olha, isso aqui é o futuro que a gente construiu com o dedo no botão de ‘não agora’. a gente queria carro, celular, shopping, mas não queria pagar por esgoto, drenagem, parques. agora o céu tá cobrando. e o pior? tá cobrando em vidas. isso não é clima extremo. isso é culpa coletiva. e se você tá lendo isso e não tá fazendo nada... você também é parte do problema.

Leandro Almeida
  • Leandro Almeida
  • novembro 19, 2025 AT 03:44

vocês acham que o governo é o vilão? o vilão é você, que compra casa em encosta porque é barata. o vilão é você, que joga lixo na rua e acha que é normal. o vilão é você, que reclama da chuva mas nunca se mobilizou pra uma obra. Não culpe o INMET. Culpe o espelho.

Naira Guerra
  • Naira Guerra
  • novembro 19, 2025 AT 09:07

Eu moro no bairro onde a água invadiu os prédios. Vi o idoso ser resgatado. Não é notícia. É vida. E quando você vê alguém sendo arrastado pela correnteza, você não pensa em políticos. Você pensa em como isso pode acontecer de novo. E aí, você se pergunta: e se fosse meu avô? E se fosse meu filho? Aí você entende que não é sobre culpa. É sobre cuidado. E cuidado não tem partido. Tem humanidade.

Pós-comentário