Quando Miguel Ángel Russo, técnico do Boca Juniors faleceu na manhã de 8 de outubro de 2025, o mundo do futebol sentiu um vazio imediato. O treinador argentino, que comandava o clube desde maio daquele ano, morreu em sua própria residência por complicações de um câncer de próstata, doença que ele já havia vencido em 2017 mas que retornou agressivamente em 2025. A notícia se espalhou rápido pelos noticiários esportivos e pelas redes sociais do clube, que divulgaram um comunicado carregado de tristeza e gratidão.
O diagnóstico de câncer de próstata de Russo foi revelado publicamente em 2017, quando ele anunciou que havia passado por cirurgia e estava em fase de recuperação. Ainda que o tratamento tivesse sido bem‑sucedido, o médico de equipe alertou que o risco de recidiva permanecia elevado. Em setembro de 2025, Russo foi internado com uma grave infecção urinária, consequência que a imprensa argentina atribuiu ao agravamento da doença. A última entrevista concedida ao "Clarín" mencionou que ele estava “ludibriado, mas esperançoso”, antes de se afastar do comando técnico do Boca.
Antes de entrar nos campos como treinador, Russo construiu sua história como jogador no Estudiantes de La Plata, atuando como volante entre 1975 e 1988. São 432 partidas marcadas por disciplina e liderança, o que lhe rendeu o status de lenda entre os xeneizes. Seu primeiro passo na arquibancada aconteceu em 1989, no Lanús, clube onde iniciou a trajetória de 36 temporadas como técnico. Passou por Colón, Vélez Sarsfield (onde conquistou o Clausura de 2005), Racing, San Lorenzo e, claro, o Boca Juniors.
A primeira passagem pelo Boca, em 2007, foi a mais memorável: a convite de Diego Maradona, Russo conduziu o time ao título da Copa Libertadores, vencendo o Grêmio por 5 a 0 no agregado. Essa conquista continua sendo a última Libertadores da história do clube. O técnico retornou ao Xeneize em 2020‑2021, adicionando o título do Torneo de 2020/21 e a Copa da Liga Profissional de 2020 ao currículo. Seu último ciclo, iniciado em maio de 2025, visava preparar a equipe para o Mundial de Clubes.
O comunicado oficial da Associação de Futebol da Argentina (AFA) foi rápido: "Lamentamos profundamente a perda de um grande técnico e ser humano". A Conmebol também enviou uma mensagem de pesar, destacando a contribuição de Russo ao futebol sul‑americano. Até o Real Madrid C.F. registrou condolências, lembrando sua passagem curta pelo clube saudita Al‑Nassr.
Entre as homenagens mais emotivas, o vendedor ambulante Diego Pasallo chegou ao estádio ao amanhecer para ser o primeiro a prestar homenagem, organizando uma mini‑festa no saguão da La Bombonera. No velório, realizado na quinta‑feira, 9 de outubro, cerca de cem pessoas – ex‑jogadores, dirigentes e torcedores – aguardaram para entrar no saguão transformado em capela ardente. Uma faixa com a frase "Para sempre em nossos corações" cobria a fachada do estádio, exibindo a imagem de Russo ao lado dos troféus conquistados.
Em respeito ao luto, a Liga de Futebol Profissional adiou o confronto do Boca Juniors contra Barracas Central, marcado para sábado, 11 de outubro, sem nova data definida. No mesmo dia, a seleção argentina treinava em Miami para o amistoso contra a Venezuela; os jogadores observaram um minuto de silêncio antes do exercício, em homenagem ao técnico.
O filho de Russo, Ignacio Russo, que joga nas divisões de base do Boca, marcou um gol duas semanas depois da morte do pai e dedicou a celebração a ele, chorando ao perceber que o gol era uma extensão do legado familiar.
Além das conquistas em campo, Russo ficou conhecido por sua franqueza e abordagem direta. "Ele falava o que pensava, sem rodeios", lembra o ex‑jogador Javier Boca, amigo de longa data. Seu estilo disciplinado influenciou treinadores da nova geração, que ainda citam suas táticas defensivas como referência. Para a família, o pesar é intenso, mas a memória permanece viva: a caixa de troféus do Boca agora porta também uma foto da família Russo ao lado da taça da Libertadores de 2007.
A partida contra Barracas Central foi adiada, e o clube entrou em luto oficial, suspendendo treinamentos extra‑clínicos. Jogadores e comissão técnica dedicam a próxima temporada à memória do técnico, prometendo honrar seu estilo de jogo e sua ética de trabalho.
Além da Libertadores de 2007 com o Boca, Russo venceu o Clausura 2005 pelo Vélez Sarsfield, o Torneo Argentino 2020/21 e a Copa da Liga Profissional 2020, também colecionando troféus na Colômbia com o Millonarios e no Paraguai.
Clubes como Real Madrid e a Conmebol enviaram mensagens de pesar. A imprensa sul‑americana destacou a trajetória de Russo como "caminhante do futebol" que influenciou gerações de treinadores.
Ignacio Russo, filho do técnico, dedicou seu gol ao pai e expressou que o legado continuará nos campos. A família recebeu apoio de jogadores, ex‑companheiros e da torcida xeneize.
O caso de Russo evidencia que mesmo profissionais em alta condição física podem enfrentar complicações graves. Exames regulares, como o PSA, são recomendados para detecção precoce e tratamento mais eficaz.
É impossível não sentir um aperto no peito ao lembrar de Miguel Ángel Russo; ele foi um verdadeiro mestre da estratégia, um cara que sabia exatamente como motivar o elenco e deixar a La Bombonera em chamas! 🙏
Comentários