Após a cirurgia bariátrica realizada em 28 de abril, Thais Carla celebrou a perda de 45 kg, mas rapidamente se deparou com outro desafio: a queda de cabelo. O fenômeno, conhecido na medicina como telogen effluvium, ocorre quando o organismo entra em estado de alerta devido ao estresse cirúrgico e à redução abrupta de nutrientes essenciais. A pele e o couro cabeludo são, então, considerados menos prioritários, resultando em fios que entram prematuramente na fase de repouso e caem.
Especialistas explicam que a bariátrica altera drasticamente a absorção de vitaminas como biotina, ferro, zinco e vitaminas do complexo B. Sem esses micronutrientes, o ciclo capilar fica desregulado. No caso de Thais, os primeiros sinais de queda apareceram ainda antes da operação, mas se intensificaram nas semanas seguintes ao procedimento, quando o corpo ainda estava se adaptando à nova forma de digestão.
A dermatologista Dra. Márcia Dertkigil, tricológa reconhecida, ressalta que o telogen effluvium costuma ser temporário, durando de três a seis meses, desde que a deficiência seja corrigida. Ela recomenda acompanhamento laboratorial frequente e suplementação adequada para evitar que a queda evolua para alopecia permanente.
Para quem passou por cirurgia de redução de peso, o cuidado capilar precisa ser planejado com cautela. A especialista em cabelos Letícia Figueiredo orienta que procedimentos químicos – alisamentos, colorações e permanentes – sejam evitados pelos primeiros seis meses. Esse intervalo permite que o metabolismo se estabilize e que os níveis de nutrientes voltem ao normal, diminuindo o risco de quebra e queda.
A terapeuta capilar Sueli propõe um conjunto de estratégias que combinam alimentação, suplementação e tratamentos locais:
Além dos cuidados externos, o acompanhamento médico regular é fundamental. Exames trimestrais de sangue permitem monitorar ferritina, vitamina D, zinco e outros indicadores que costumam ficar abaixo do ideal após a bariátrica.
Thais Carla, que retomou as atividades na academia em 17 de junho, tem seguido um plano que combina fisioterapia, nutrição e visitas ao dermatologista. Ela descreve a experiência como "um aprendizado sobre como o corpo responde quando mudamos drasticamente nossos hábitos". Em entrevistas, a influenciadora reforça que a cirurgia foi uma escolha consciente de saúde, não uma tentativa de se enquadrar em padrões estéticos.
Ao mesmo tempo, Thais tem usado sua visibilidade para combater a gordofobia. Ela esclarece que nunca defendeu a obesidade como ideal, mas sim o direito de cada pessoa ao amor próprio, à autoestima e ao cuidado com a própria saúde. "Não se trata de glorificar a dor, mas de reconhecer que o corpo tem limites e que devemos respeitá‑los", afirma.
O debate público em torno da sua cirurgia mostrou como ainda há preconceito ao discutir intervenções bariátricas. Enquanto alguns críticos enxergam a operação como “moda”, especialistas apontam que, quando acompanhada por equipe multidisciplinar, a bariátrica pode evitar comorbidades como diabetes, hipertensão e apneia do sono.
Para quem está considerando o procedimento, a mensagem de Thais e dos profissionais citados é clara: avalie os riscos, prepare o organismo com suplementação pré‑cirúrgica e esteja pronto para um pós‑operatório que inclui monitoramento nutricional rigoroso e, possivelmente, cuidados capilares especiais.
Se você percebeu queda de cabelo súbita após qualquer tipo de cirurgia ou mudança drástica na dieta, procure um dermatologista ou tricológo. O diagnóstico precoce de telogen effluvium permite intervenções que reduzem a perda e aceleram a recuperação, evitando que a frustração estética se transforme em sofrimento emocional.
Em suma, a jornada de Thais Carla demonstra que perder peso não é o final da história; o corpo continua a exigir atenção, principalmente em áreas menos visíveis como o couro cabeludo. Com informação, suporte profissional e paciência, é possível voltar a ter cabelos saudáveis sem abrir mão dos benefícios da cirurgia bariátrica.
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